Demagogia: Após repercussão negativa de novo pedágio na rodovia Raposo Tavares, prefeito de Ourinhos, Guilherme Gonçalves, afirma ser contrário à medida
- jornalfalaourinhos
- 22 de mar.
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Nesta semana, o prefeito de Ourinhos, Guilherme Gonçalves, publicou vídeo em suas redes sociais, em que se diz contrário à instalação de um novo pedágio entre Canitar e Chavantes, medida essa que afetará o bolso da população ourinhense e contribuirá para isolar a cidade. No vídeo, o prefeito finaliza sua mensagem, dizendo que a não instalação do pedágio depende da mobilização da população, que deve “curtir e compartilhar” sua publicação.
A atitude de Guilherme Gonçalves no atual momento, no entanto, soa cômica e zomba da inteligência da população, pois durante sua campanha eleitoral para prefeito, em 2024, o atual gestor municipal frisou como uma de suas principais promessas a construção de um esperado viaduto no trevo da Vila Brasil, a criação de um trevo no Jardim Itamaraty e melhorias no trevo do Jardim Boa Esperança. Todas essas obras estão previstas como parte das obrigações da concessionária que vencer a licitação do trecho da Rodovia Raposo Tavares (SP-270), a ser privatizada, conforme noticiou o jornal Passando a Régua.
Em diversos vídeos em suas redes sociais, durante a campanha eleitoral, Guilherme Gonçalves aparece ao lado do deputado federal Capitão Augusto, e da deputada estadual Dani Alonso, afirmando que, em parceria com o governo do estado (Tarcísio de Freitas) e os parlamentares mencionados, traria para a cidade a construção dos trevos e do viaduto esperados para, segundo ele, facilitar a integração dos bairros Vila Brasil, Itamaraty e Boa Esperança ao centro da cidade. Eles só “se esqueceram de avisar” naquele momento que essas obras seriam feitas à custa da criação de um novo pedágio, ou seja, que a população, de novo, pagaria o pato.
Aliás, na verdade, seria ingênuo achar que eles haviam se esquecido desse detalhe durante a campanha eleitoral, ou que desconhecessem os planos do governador Tarcísio de Freitas para a instalação dos novos pedágios. Afinal, como eles mesmo dizem, são todos aliados e, como políticos habilidosos, sabem bem o momento de esconder certas informações da população para ganhar prestígio popular com base em meias verdades, evitando o descontentamento do eleitorado que lhes pudesse levar à perda de votos.
Audiência pública sobre os pedágios realizada em Ourinhos teve silêncio do prefeito Guilherme Gonçalves e expresso apoio à medida, por parte de Capitão Augusto e do vice-prefeito Alexandre Zoio
Conforme noticiou o jornal Tribuna Ourinhense, em 16 de dezembro de 2024, foi realizada audiência pública na Câmara de Vereadores de Ourinhos para discutir a implantação dos novos pedágios. O evento foi organizado pela Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp) e discutiu a privatização do trecho da Rodovia Raposo Tavares (SP-270), que se estende de Ourinhos a Itapetininga (SP).
A proposta de privatização e instalação de pedágios abrange cinco rodovias, conhecidas como Lote do Paranapanema. As rodovias incluídas são: Raposo Tavares (SP-270), Melo Peixoto (SP-278), Engenheiro Lauri Simões de Barros (SP-189), Engenheiro Martins de Lara (SPA-245-270) e Acesso Ivens Vieira (SPA-204-270).
Segundo anunciado na audiência, os pedágios serão do tipo “free flow”, que são pórticos de cobrança automática.
Outras duas audiências públicas foram realizadas para discutir o tema: dia 17/12 em Itapetininga, e 18/12, em formato híbrido, no auditório da Artesp.
Durante a audiência pública em Ourinhos, o deputado federal Capitão Augusto e o vice-prefeito de Ourinhos Alexandre Zoio defenderam abertamente a medida. Alexandre Zoio, inclusive, destacou a necessária parceria de Ourinhos com Capitão Augusto e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para viabilizar as obras necessárias ao aumento da mobilidade e segurança nas rodovias Melo Peixoto e Raposo Tavares.
Enquanto isso, durante a audiência, Guilherme Gonçalves silenciou qualquer crítica à concessão do trecho da Rodovia Raposo Tavares. O prefeito se limitou a repetir que estão “empenhados em trazer o trevo do Itamaraty, o viaduto na Vila Brasil e a construção de passarelas. Essas obras não só ajudarão no desenvolvimento da cidade, mas também garantirão mais segurança para todos”, afirmou.
Diante disso, alguém tem que avisar o novo prefeito de Ourinhos que o povo não é bobo! E que é fácil gravar vídeos dizendo que a paralisação dos planos de implementar o pedágio depende da mobilização popular, quando as mesmas autoridades “influencers digitais”, no momento em que têm oportunidade, calam-se na defesa dos interesses da população ourinhense e consentem diante de medidas como o novo pedágio, que impactarão fortemente a renda de famílias e trabalhadores de Ourinhos e região.
Pedágio e redes sociais: vídeos enganosos viraram moda entre autoridades, após repercussão negativa da concessão frente ao eleitorado
Os deputados estaduais Ricardo Madalena e Dani Alonso também utilizaram recentemente suas redes sociais para divulgar vídeos em que se dizem contrários ao pedágio e pedem à população para que continuem se mobilizando contra a medida.
Madalena chegou a criar um abaixo-assinado contra o pedágio para mostrar como está “ao lado da população”. Porém, essa atitude aconteceu apenas recentemente, após a repercussão negativa dos pedágios. Até janeiro deste ano, o deputado havia silenciado qualquer crítica aos pedágios e teria ignorado apelos de lideranças regionais.
"Nenhum dos nossos contatos teve retorno. Aparentemente, o deputado só lembra de Canitar, Chavantes, Ipaussu, Bernardino de Campos e outras cidades da região quando precisa de votos. É bom o povo saber quem está do lado deles e quem só quer votos para depois sumir", desabafou Jailton Ferreira, do Movimento Pedágio Não.
Por sua vez, Dani Alonso, em seu vídeo publicado nas redes sociais, afirma estar em diálogo com a Artesp para defender os interesses da população diante da possível criação dos novos pedágios. Sua publicação foi mais “ponderada”, e a deputada não se manifesta expressamente contrária ao pedágio. Apenas, utiliza o gancho da insatisfação popular, para pagar de boa moça e buscar preservar seu capital eleitoral na região de Ourinhos.
Ambas as autoridades têm frisado em seus comunicados públicos que a criação dos novos pedágios é prerrogativa do governador do estado. Com isso, lavam suas mãos. Outro elemento importante é que a abertura do edital de licitação da rodovia acontece já no próximo mês, em abril. Ou seja, todos sabem que já passou o tempo de incentivar qualquer mobilização popular efetiva que ainda possa reverter a instalação dos pedágios.
A mudança de postura das autoridades teve lugar após a circulação de abaixo-assinados e publicações de lideranças, movimentos sociais e cidadãos contra os pedágios. O posicionamento dessas autoridades aliadas de Tarcísio de Freitas no presente momento, portanto, são “defesas do interesse da população” para “inglês ver”, que nem cócegas farão nos planos privatizadores do governador do estado de São Paulo. E todos estão, na verdade, mancomunados ao redor do mesmo plano. E é importante que a população saiba disso.
Deputado Estadual Eduardo Suplicy foi o primeiro parlamentar a se manifestar publicamente contra os pedágios
Logo que foi anunciado o plano de instalação dos novos pedágios, Suplicy enviou um ofício à Artesp, manifestando-se contra a proposta de implementação de um pedágio na ligação entre os municípios de Canitar e Chavantes.
Suplicy expôs os graves impactos sociais e econômicos que a medida pode causar, destacando que "a implementação desse pedágio seria uma afronta ao direito de ir e vir". O parlamentar também alertou para os impactos devastadores na economia local, já fragilizada, e destacou que "trabalhadores, pequenos comerciantes e pais de família seriam fortemente prejudicados, muitos deles forçados a optar entre arcar com custos absurdos de transporte ou garantir seu sustento". Suplicy também chamou atenção para os danos à educação, afirmando que "estudantes, que já enfrentam dificuldades para continuar seus estudos, poderiam abandonar suas trajetórias educacionais devido aos custos adicionais de deslocamento".
Sobre o novo pacote de pedágios
A medida terá grandes impactos à economia local e consta no projeto do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para a concessão do trecho da Rodovia Raposo Tavares (SP-270) entre Ourinhos e Itapetininga, conhecido como Lote Paranapanema.
O pedágio é parte do Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP) e foi apresentado e debatido em audiências públicas organizadas pela Artesp, conforme já mencionado.
Segundo a proposta apresentada, o trecho Ourinhos-Itatinga terá cinco pedágios, entre eles, um pedágio entre Canitar e Chavantes, na rodovia Raposo Tavares, com tarifa estimada em R$ 6,86. O pedágio será automatizado e a cobrança feita por tag ou via meios digitais.
As praças de pedágio e os valores aproximados são:
Canitar – Chavantes: R$ 6,86
Ipaussu – Bernardino de Campos: R$ 5,24
Piraju – Tejupá: R$ 4,80
Itaí: R$ 11,94
Angatuba: R$ 6,44
Segundo lideranças e autoridades contrárias à medida, o pedágio pode encarecer o transporte e desestimular compras e serviços em cidades como Ourinhos, trazendo graves impactos a trabalhadores rurais, pequenos comerciantes e estudantes. A concessão também afetará diretamente os trabalhadores que dependem da Raposo Tavares para se deslocar diariamente.
Cronograma divulgado para o plano de implantação dos pedágios
Abril/2025: Lançamento do Edital
Julho/2025: Leilão
Outubro/2025: Assinatura do contrato
Outubro/2026: Início da cobrança
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