Dengue: Ministério da Saúde orienta estados e municípios a realizarem busca ativa diante de baixa adesão à vacina contra a doença
- jornalfalaourinhos
- 13 de mar.
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Atualizado: 15 de mar.
Diante do crescimento do número de casos de dengue em Ourinhos, embora o chamado à vacinação tenha sido publicado no site da prefeitura, o prefeito Guilherme Gonçalves ainda não utilizou suas redes sociais para falar sobre a importância da vacinação

O Ministério da Saúde publicou, em 14 de fevereiro, nota técnica incentivando estados e municípios a atualizarem a recomendação de uso da vacina da dengue e permitindo a ampliação do público-alvo desse imunizante. A nota também autoriza o remanejamento da vacina para sua aplicação em novos municípios, em caráter temporário, no caso de doses com prazo de validade iminente.
A iniciativa visa garantir que todos os imunizantes adquiridos cheguem à população, ampliando a proteção contra a doença.
Segundo a nota técnica, doses com um prazo de dois meses de validade poderão ser remanejadas para municípios ainda não contemplados pela vacinação contra a dengue ou ser aplicadas em faixa etária ampliada, contemplando pessoas de 6 a 16 anos de idade.
Para as vacinas que completarem um mês de validade, a estratégia poderá ser expandida até o limite etário especificado na bula da vacina, abrangendo a faixa etária de 4 a 59 anos, 11 meses e 29 dias de idade.
A expansão do público-alvo deve considerar a disponibilidade de doses e a situação epidemiológica de cada estado e município. O Ministério da Saúde deve ser devidamente informado pelas unidades federativas sobre a implementação da estratégia temporária de ampliação da vacinação. Além disso, todas as doses administradas devem ser registradas na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) de forma a garantir a segunda dose e o monitoramento completo do processo de imunização.
Saúde orienta busca ativa diante de baixa adesão à vacina
Em 2024, o Ministério da Saúde enviou 6,5 milhões de doses aos estados e municípios, mas apenas 3,3 milhões foram aplicadas. A situação é ainda mais preocupante entre os adolescentes: aproximadamente 1,3 milhão de jovens que iniciaram o esquema vacinal não retornaram para a segunda dose, comprometendo a eficácia da imunização.
Para enfrentar esse cenário, a pasta recomenda que estados e municípios intensifiquem as estratégias de busca ativa, identificando e mobilizando aqueles que ainda não completaram o esquema vacinal.

A vacinação contra a dengue em Ourinhos
Segundo informações divulgadas pela prefeitura de Ourinhos, a vacina contra a dengue na cidade está disponível para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, grupo que apresenta a maior taxa de hospitalização pela doença, atrás apenas dos idosos, que ainda não têm autorização da Anvisa para receber a vacina.
A vacina Qdenga, aplicada em duas doses com intervalo de 90 dias, está disponível nas seguintes unidades de saúde, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h:
• Centro de Saúde – Postão
• UBS Parque Minas Gerais
• UBS COHAB
• UBS Vila Brasil
• UBS CAIC
• UBS Vila Odilon
• UBS Itamaraty
• UBS Vila Margarida
Para receber a vacina, além de pertencer à faixa etária prioritária, o munícipe precisa levar sua carteira de vacinação e seus documentos pessoais à unidade básica de saúde.

Medidas da atual gestão municipal para contenção da dengue
Devido ao aumento expressivo dos casos de dengue em Ourinhos (442 casos confirmados e 959 casos em investigação, segundo boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde em 10 de março), a partir desta semana, a Prefeitura de Ourinhos passou a destinar a Unidade de Saúde da Vila São Luís exclusivamente ao atendimento de pacientes com suspeita ou diagnóstico da doença. Para isso, outros atendimentos médicos realizados por essa UBS foram reorganizados e remanejados para outras unidades de saúde, conforme explica a prefeitura nesta nota.
A medida visa atender os casos de contágio pela doença já consumados. Porém, a prefeitura não tem dado a mesma visibilidade e prioridade a medidas preventivas efetivas contra a infecção pelo vírus.
O atual prefeito, Guilherme Gonçalves, tem enfatizado em suas redes sociais vídeos em que faz um chamado à população para que não descarte lixo nas ruas, o que, segundo ele, é medida fundamental para o combate à dengue, por evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
Embora o chamado à vacinação da população tenha sido publicado no site da prefeitura e nas redes sociais da Secretaria de Saúde, o prefeito, até o momento, não utilizou suas redes sociais para falar sobre a importância da vacinação e a necessidade de que pessoas com entre 10 e 14 anos compareçam à unidade básica de saúde para receber as duas doses. Essa postura seria especialmente importante num cenário em que ainda se observa a distribuição de fake news com o discurso antivacina e negacionista à ciência. Esse tipo de mentira circula especialmente por grupos e listas de Whatsapp e redes sociais, sendo importante papel dos gestores e figuras públicas desmenti-las.
Diante do alerta feito pelo Ministério da Saúde sobre a alta abstenção à vacinação contra a dengue, infelizmente não se tem dados, por parte da prefeitura, sobre o número de pessoas, dentro do público prioritário, que, até o momento, foram efetivamente vacinadas na cidade. Também não se tem um mapeamento dos locais de maior incidência da doença em âmbito municipal.
A importância de ter informações precisas sobre essas localidades com maior número de casos e a faixa etária do público mais afetado está em que, com isso, poderiam ser pensadas medidas mais efetivas contra a propagação do vírus: como a distribuição gratuita de repelentes nas regiões da cidade mais impactadas pelo vírus, e a notificação sobre dados de ascensão da doença ao Ministério da Saúde, para que eventualmente o município seja contemplado para receber doses extras do imunizante, próximas ao prazo de validade.
Essa seria uma medida concreta e efetiva, que atenderia à responsabilidade do poder público municipal no combate à dengue, pois permitiria a ampliação da faixa etária de pessoas que podem se proteger da doença na cidade, por meio da vacina.
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