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Vereador Gil Carvalho diz que escolas cívico-militares são boas porque “excluem minorias e diversidade”

  • jornalfalaourinhos
  • 4 de abr.
  • 3 min de leitura

O discurso do vereador na Câmara Municipal de Ourinhos foi uma resposta a ações de professores que buscam promover a conscientização da comunidade escolar sobre os impactos negativos do modelo das escolas cívico-militares


Vereador Gil Carvalho diz que escolas cívico-militares são boas porque “excluem minorias e diversidade”

Em discurso na Câmara de Vereadores de Ourinhos na sessão da última segunda-feira, 31/03, o vereador Gil Carvalho, do PL, proferiu ameaças contra professores filiados e representantes do sindicato de professores do estado de São Paulo, Apeoesp, que atuam na cidade. A reação do vereador foi uma resposta à panfletagem organizada por membros da executiva regional da Apeoesp, no dia 28 de março às 16h, nas calçadas da Escola Estadual Justina de Oliveira Gonçalves, durante a saída dos alunos e professores no término do dia letivo, buscando promover conscientização sobre os impactos negativos do modelo das escolas cívico-militares.


A Escola Estadual Justina de Oliveira Gonçalves se inscreveu para aderir ao programa das escolas cívico-militares e sua comunidade escolar está sendo consultada para votar a favor ou contra a implantação desse modelo na instituição.


Em sua fala, o vereador Gil Carvalho se refere aos cerca de 180 mil filiados à Apeoesp, que decidiram em Assembleia Geral pela mobilização contra as escolas cívico-militares, como “professorzinhos de esquerda”, e afirma que as escolas cívico-militares representam um bom modelo porque, entre outras coisas, “excluem minorias e diversidade” e “censura, não formam cidadões críticos”. Apenas lembrando que a grafia correta da palavra referida pelo vereador é “cidadãos”.



O vereador ainda justificou que as escolas cívico-militares garantem melhor desempenho aos alunos, porém não há dados que comprovem a melhoria de resultados dos centros educacionais que adotaram o modelo, segundo a Apeoesp.


Entre os problemas apontados pelo sindicato para a adoção do modelo das escolas cívico-militares está, justamente, a exclusão de minorias e de estudantes com perfis diversos, bem como a limitação à manifestação do pensamento crítico e à liberdade de cátedra dentro das escolas, sendo esses elementos da educação pública garantidos pela Constituição Federal.


Outro ponto levantado pelo sindicato é que, ao mesmo tempo em que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, apoia a implantação do modelo das escolas cívico-militares, que é comprovadamente mais custoso, de outro lado, o gestor estadual reduziu em cerca de $11,3 bilhões os recursos da educação pública. Esse recorte piora ainda mais a situação da educação pública no estado, que já vem sofrendo com falta de estrutura adequada, más condições de trabalho para o magistério e salários baixos e desvalorização dos professores.


Vale acrescentar a informação de que o modelo de escola cívico-militar prevê a contratação de policiais militares da reserva para atuarem como monitores nas instituições de ensino. Esses militares, que não possuem qualquer experiência ou conhecimento pedagógico, serão mais bem remunerados que os professores.


Resposta dos professores ao discurso de Gil Carvalho


Em carta aberta e ofício enviado ao presidente da Câmara Municipal de Ourinhos, Cícero de Aquino, e ao Dirigente Regional de Ensino, Elton Antonio Simão, a Apeoesp manifesta: “seguimos firmes em nosso trabalho sindical, com o objetivo de que os familiares presentes e alunos levassem para suas casas os argumentos contidos no panfleto e estimulassem o debate com suas famílias. Reforçamos que o projeto do governo do estado prevê a participação efetiva da comunidade escolar e entendemos que um debate sem ideias contrárias não constitui debate, mas sim uma imposição”.


Além disso, em sua carta, a Apeoesp destaca alguns dos principais argumentos que fundamentam sua posição contrária à implementação do modelo de escola cívico-militar:


1) Qualidade do Ensino: Investir nesse modelo não melhora a qualidade do ensino. O que realmente transforma a educação são professores bem formados, infraestrutura adequada e métodos pedagógicos eficazes.


2) Desvio de Recursos: A alocação de recursos para a remuneração de militares sem experiência pedagógica representa um desvio do que deveria ser investido na valorização e no fortalecimento do ensino.

3) Liberdade Pedagógica: A militarização impõe uma disciplina excessivamente rígida, limitando a liberdade pedagógica e comprometendo o desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos.

4) Inclusão e Diversidade: O modelo proposto pode excluir estudantes com diferentes perfis, criando barreiras e aumentando o índice de evasão escolar, o que é totalmente contrário aos princípios de uma educação inclusiva.


5) Segurança e Educação: Acreditamos que a verdadeira segurança se faz por meio de uma educação de qualidade e de políticas inclusivas, e não por meio de medidas repressivas.


Veja a seguir a vídeo-resposta, em que o conselheiro estadual da Apeoesp e representante do sindicato em Ourinhos, Lucas Rosin, rebate o discurso do vereador Gil Carvalho.




>> Leia a carta da Apeoesp na íntegra:



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